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O enfoque dessa proposta mescla elementos
das escolas cognitivo-comportamental, de apego, da Gestalt, de relações
objetais, construtivista e psicanalítica em um modelo conceitual e de
tratamento rico e unificador. Muitas vezes, pacientes com transtornos de
personalidade e problemas caracterológicos não respondem totalmente a
tratamentos cognitivo-comportamentais tradicionais (Beck, Freeman et al., 1990). Geralmente, esses tratamentos são de curto prazo (em tomo de 20
sessões) e concentram-se na redução dos sintomas, na formação de habilidades e
na solução de problemas atuais na vida do paciente. Como
geralmente carecem de flexibilidade psicológica, os pacientes caracterológicos
têm muito menos capacidade de resposta a técnicas cognitivo-comportamentais e
com frequência não passam por mudanças significativas a curto prazo. Em lugar
disso, são psicologicamente rígidos, o que configura uma marca dos transtornos de
personalidade. Estes pacientes tendem a expressar desesperança com relação a
mudança. Seus problemas estão em sintonia com o ego, e estão tão integrados a
quem são, que não podem imaginar alterá-los. A terapia do esquema surge então como
uma abordagem sistemática que amplia a terapia cognitivo-comportamental,
integrando técnicas derivadas de várias escolas diferentes de terapia. Com
relação ao conceito de esquema, podemos dizer, em termos gerais, que esquema
seria qualquer princípio que um indivíduo use para organizar e entender sua
própria experiência de vida. Estes princípios vão se constituindo ao longo da
vida, podendo ser adaptativo ou desadaptativo. Para Young, o esquema
desadaptativo geralmente é um tema ou padrão amplo, difuso, formado por
memórias, emoções e sensações corporais. Está relacionado a si próprio ou aos
relacionamentos com outras pessoas. Foi desenvolvido na infância ou
adolescência e é elaborado ao longo da vida do indivíduo e é significativamente
disfuncional em sua vida. Young teoriza que os comportamentos desadaptivos
desenvolvem- se como respostas a um esquema. Estes esquemas
frequentemente estão relacionados a experiências traumáticas durante a
infância, e são ativados posteriormente quando adultos, por eventos que
percebem como semelhantes a estas experiências aversivas da sua infância.
Quando ativados experimentam formas de emoções negativas, como aflição,
vergonha, medo, raiva. Mas é importante lembrar que nem todos os esquemas são
fundamentados em traumas ou maus tratos na infância, contudo, todos são
destrutivos e a maioria são causadas por experiências nocivas repetidas, que
acumuladas podem levar ao surgimento de um esquema pleno.
Os esquemas desadaptativos remotos são
persistentes, lutam para sobreviver. Pode ser resultado da necessidade de
coerência que os seres humanos têm. O esquema é o que o indivíduo conhece,
embora cause sofrimento a ele, é confortável e familiar, e pode causar a
sensação de estar bem, julga normal estar insatisfeito. Estes esquemas assim
como as crenças centrais o paciente o consideram verdade a priori, de modo que
influenciam o processamento de experiências posteriores, influindo na forma
como os pacientes pensam, agem, sentem e se relacionam com os outros. Os
esquemas são dimensionais: tem diferentes níveis de gravidade e penetração.
Assim, quanto mais grave o esquema, maior é o número de situações que podem
ativá-lo. A teoria dos esquemas propõe que, fundamentalmente estes esquemas
resultam de necessidades emocionais não satisfeitas na infância, citarei cinco
necessidades emocionais fundamentais para os seres humanos, são elas: vínculos
seguros com outros indivíduos (que inclui segurança, estabilidade, cuidado e
aceitação); autonomia, competência e sentimentos de identidade; liberdade de
expressão, necessidades e emoções válidas; espontaneidade e lazer; limites
realistas e autocontrole. O objetivo da terapia do esquema e ajudar os
pacientes a encontrar formas adaptativas de satisfazer suas necessidades
emocionais fundamentais. Observamos
quatro tipos de experiências no início da vida que estimulam a aquisição de
esquemas. A primeira é a frustração nociva de necessidades, que ocorre quando a
criança tem poucas experiências boas e adquire esquemas como privação
emocional. O segundo tipo é a traumatização ou vitimização, causando neste caso
um dano a criança, onde ela desenvolve esquemas como desconfiança/abuso,
defectividade/vergonha ou vulnerabilidade ao dano. Um terceiro tipo é quando a
criança é superprotegida, ou passa excessivamente por experiências boas, não
criando limites pois não passa por muitas frustrações. Neste caso pode gerar
esquemas de dependência/incompetência ou arrogo/grandiosidade. O quarto tipo
seria a internalização ou identificação seletiva com pessoas importantes, como
por exemplo quando a criança se identifica com o pai abusivo e passa a se
comportar agressivamente como ele.
Os 18 esquemas estão agrupados em cinco
categorias amplas de necessidades emocionais não-satisfeitas a que chamamos
“domínios de esquemas”. O
primeiro domínio seria o da Desconexão e Rejeição. Pacientes com esquemas neste
domínio são incapazes de formar vínculos seguros e satisfatórios com outras
pessoas. Acreditam que suas necessidades de estabilidade, segurança, cuidado,
amor e pertencimento não serão atendidas. São cinco os esquemas neste domínio,
os esquemas de Abandono/instabilidade, Desconfiança/abuso, Privação emocional,
Defectividade/vergonha, Isolamento/alienação.
O segundo domínio é o da Autonomia e
Desempenho Prejudicados. Os pacientes
com esquemas nesse domínio têm expectativas sobre si próprios e sobre o mundo
que interferem em sua capacidade de se diferenciar das figuras paternas ou
maternas e funcionar de forma independente. Os esquemas neste domínio são:
Dependencia/Incompetência, Vulnerabilidade ao dano ou a doença, Emaranhamento/self
subdesenvolvido, Fracasso.
Outro domínio seria
limites prejudicados, onde se leva a dificuldades de respeitar os direitos
alheios, cooperação, estabelecer compromissos ou definir ou cumprir objetivos
pessoais realistas. Tendo seus limites prejudicados favorecem esquemas de
Arrogo/Grandiosidade, como a crença de que se é superior aos outros, e esquemas
de Autocontrole/autodisciplina insuficientes, tendo este tipo de pessoa baixa tolerância
a frustração.
O domínio do Direcionamento para o Outro envolve a
supressão e a falta de consciência com relação a própria raiva e as próprias
inclinações naturais. Se caracteriza então pelo foco
excessivo nos desejos, sentimentos e solicitações dos outros, à custa das
próprias necessidades, para obter aprovação, manter o
senso de conexão e evitar retaliação. Abarca os esquemas de Subjugação, Auto
sacrifício e Busca pela Aprovação.
No domínio da Supervigilância e inibição
ocorre a Ênfase excessiva na supressão dos próprios sentimentos, impulsos e
escolhas espontâneas, ou no cumprimento de regras e expectativas internalizadas
e rígidas sobre desempenho e comportamento ético, à custa da felicidade,
auto-expressão, descuido com os relacionamentos íntimos ou com a saúde.).
Bibliografia
Beck, Judith S. Terapia
Cognitivo-Comportamental. 2nd Edition. ArtMed, 2013.